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sábado, 6 de novembro de 2010

A Verdade


Uma donzela estava um dia sentada à beira de um riacho deixando a água do riacho passar por entre os seus dedos muito brancos, quando sentiu seu anel de diamante ser levado pelas águas.

Temendo o castigo do pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por um homem no
bosque e que ele arrancara o anel de diamante do seu dedo e a deixara desfalecida sobre um canteiro de margaridas.

O pai e os irmãos da donzela foram atrás do assaltante e encontraram um homem dormindo no bosque, e o mataram, mas não encontraram o anel de diamante. E a donzela disse:

- Agora me lembro, não era um homem, eram dois.

- E o pai e os irmãos da donzela saíram atrás do segundo homem e o encontraram, e o mataram, mas ele também não tinha o anel.

E a donzela disse:

- Então está com o terceiro! Pois se lembrara que havia um terceiro assaltante.

E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço do terceiro assaltante, e o encontraram no bosque.

Mas não o mataram, pois estavam fartos de sangue.

E trouxeram o homem para a aldeia, e o revistaram e encontraram no seu bolso o anel de diamante da donzela, para espanto dela.

- Foi ele que assaltou a donzela, e arrrancou o anel de seu dedo e a deixou desfalecida - gritaram os aldeões.

- Matem-no!

- Esperem! - gritou o homem, no momento em que passavam a corda da forca pelo seu pescoço. - Eu não roubei o anel.

Foi ela que me deu!

E apontou para a donzela, diante do escândalo de todos.

O homem contou que estava sentado à beira do riacho, pescando, quando a donzela se aproximou dele e pediu um beijo. Ele deu o beijo.

Depois a donzela tirara a roupa e pedira que ele a possuísse, pois queria saber o que era o amor.

Mas como era um homem honrado, ele resistira, e dissera que a donzela devia ter paciência, pois conheceria o amor do marido no seu leito de núpcias. Então a donzela lhe oferecera o anel,
dizendo "Já que meus encantos não o seduzem, este anel comprará o seu amor".

E ele sucumbira, pois era pobre, e a necessidade é o algoz da honra.

Todos se viraram contra a donzela e gritaram:

"Rameira! Impura! Diaba!" e exigiram seu sacrifício.

E o próprio pai da donzela passou a forca para o seu pescoço.

Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:

- A sua mentira era maior que a minha. E eles mataram pela minha mentira e vão me
matar pela sua. Onde está, afinal, a verdade? O pescador deu de ombros e disse:

- A verdade é que eu achei o anel na barriga de um peixe.

Mas quem acreditaria nisso?

O pessoal quer violência e sexo, não histórias de pescador.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara muito maneira essa história parabens o blog é show.